segunda-feira, 24 de novembro de 2008

15º Encontro 21/08 : Análise do filme"Desmundo"


Análise do filme “Desmundo”

Brasil de 1500, o filme retrata uma realidade, ainda que incerta, pois há poucos registros da época, porém intrigante dos tempos do Descobrimento do Brasil. É importante não só o contexto cultural, como também o social e econômico da época.
Infere-se do filme que o Brasil retratado era uma verdadeira miscelânea de costumes e culturas afinal havia por aqui índios, negros africanos, portugueses e tudo mais, cada um com sua cultura diversificada num único território onde se buscava tão somente a sobrevivência. Era preciso lutar por seus direitos na garra, pois ao que parecia, o Brasil era terra de ninguém, pelo menos no que se refere à trama. Havia resistências quanto à assimilação e a difícil adaptação de novos valores e com isso se desenvolve o filme.
Observando o contexto social, os ricos da época eram na verdade, homens toscos, que exercia certa influência por conseguirem manter sobre seu domínio índios e escravos em suas lavouras de modo que detinham o poder nas mãos. A Igreja também tinha um papel fundamental naquela sociedade e valia de sua influencia para “domar e domesticar” os índios através da fé, e com isso conseguir benevolência por parte dos ricos da época. As mulheres, assim como os índios e negros também não era valorizada e com isso era vendida afim de somente suprir as necessidades sexuais e domésticas daqueles homens tão rudes e massacrados pela triste realidade da época. A sociedade era patriarcal e ao homem cabia o sustento do lar e a provisão da família, quer fosse o pai , quer fosse o filho mais velho. Às mulheres, cabia- lhes as tarefas do lar, a criação dos filhos e o apoio ao marido.
A economia valia-se da agricultura, do plantio da lavoura, até porque servia-lhes para a própria sobrevivência. Dali ocorria à troca de escravos, o comércio de mulheres, a troca de favores e tudo isso proveniente dos traços sociais, culturais e econômicos da época.




A Trama do filme revela a vida de uma jovem, recém trazida para o Brasil e vendida para um desses fazendeiros. Levada para um engenho de açúcar, contra a vontade, porém, ciente de que necessitava sobreviver naquele novo mundo hostil, Oribela acaba usando de artimanhas femininas para fugir de suas obrigações de mulher, o que não convence seu marido por muito tempo e esse então acaba por tomá-la a força. Ela, sentindo-se violada e agredida, tenta fugir, porém é capturada e levada a ficar acorrentado, como um animal, o que deixa claro a desvalorização da mesma e o domínio do homem sobre a mulher. Uma boa parte do filme trata dos dias no cativeiro e finalmente sua fuga e seu reencontro com um rapaz pelo qual ela se apaixona ainda no início do filme.
A moça acaba sendo capturada e ao que infere do texto, teve um filho de seu amado e seu marido o cria como sendo seu.
A linguagem dos personagens do filme é rica e diversificada, uma mistura de idiomas e dialetos, perpassando pelo português de Portugal, o latim, a língua africana e outros. O cenário do filme se dá na era pré-colonial e os personagens retratados são na realidade, pessoas comuns, de personalidade duvidosa e que vieram tentar a sobrevivência no Brasil, homens broncos, rudes e ao mesmo tempo guerreiros e valentes. Oribela demonstra com seu personagem, que a mulher, apesar de pouco valorizada, pode manter seu domínio através de meios e ferramentas sutilmente femininas.

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